A Importância dos Jogos Cognitivos para Idosos.

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Com o envelhecimento populacional, sentimos a necessidade de aprimorar os recursos para que este seja um processo ativo e saudável.

Em primeiro lugar, devemos escapar das armadilhas que o pensamento de massa promove todos os dias: “Envelhecer é ruim”, “A palavra velho é agressiva”, “A velhice é o fim da vida e por isso não há nada a fazer”, “Ele já é idoso, tadinho”.

Essas frases, atualmente, soam piegas. É preciso acompanhar o avanço da medicina e da sociedade:

Hoje, a população é formada por 12,5% de idosos no Brasil – segundo o Relatório Mundial de Saúde e Envelhecimento. Até a metade do século, esse número deve alcançar 30%, o que já permite que nos consideremos uma nação envelhecida.

Idosos devem permanecer ativos, funcionais e com autonomia para alcançarem um nível de qualidade de vida satisfatória.

Os jogos cognitivos podem manter, reabilitar e até desenvolver novas habilidades cerebrais nos idosos. Por isso, esse artigo traz as ferramentas principais para que sejam cada vez mais implementadas técnicas de estimulação e reabilitação cognitiva.

Vamos entender as 5 principais razões para utilizarmos o jogos com os idosos:

Propiciar a socialização

O isolamento e a solidão são muito frequentes na velhice, o que gera, muitas vezes, doenças emocionais como a depressão.  O idoso nem sempre é ‘bem vindo’no ambiente familiar ou social, sendo reprimido ou excluído por apresentar uma velocidade de pensamento mais lentificada ou outra limitação decorrente da idade. Propor jogos aos idosos é garantir que possam interagir em grupo, compartilhar habilidades e dificuldades e construírem um lugar de comunicação e socialização. Muitos jogos só são possíveis se forem realizados em pequenos grupos. Estabelecer e respeitar as regras, planejar estratégias e buscar um resultado em conjunto motiva o idoso a estar naquele ambiente e a conviver com outros iguais.

Melhorar a qualidade de vida

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), qualidade de vida indica o nível das condições básicas e suplementares do ser humano. Estas condições envolvem desde o bem-estar físico, mental, psicológico e emocional, os relacionamentos sociais, como família e amigos, e também a saúde, a educação e outros parâmetros que afetam a vida humana.
Os jogos representam uma atividade lúdica que é capaz de alcançar todas essas condições listadas acima. Nenhum ser humano pode ter qualidade de vida sem que esteja minimamente satisfeito com sua rotina e sua saúde. A ludicidade que o jogo alcança traz embutida em si, o entretenimento e a diversão, que podem diminuir o estresse, a preocupação e proporcionar prazer.

Aumentar a capacidade de solucionar problemas e tomar decisões

Nos jogos de estratégias, ativamos no cérebro uma área que é responsável pelas funções de execução. Essa área é extremamente complexa no que diz respeito ao funcionamento cerebral; é ela que possibilita que nós tenhamos a habilidade em solucionar problemas, armar estratégias, tomar decisões e iniciativas no nosso dia-a-dia, profissionalmente, no ambiente familiar, social e diante de jogos também. Essa área é a principal responsável por nossa autonomia e funcionalidade.
Essas habilidades complexas, com o passar dos anos, na velhice e, principalmente, em doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, vão se deteriorando. Isso porque temos a tendência a perder as habilidades cerebrais mais complexas primeiro quando falamos de envelhecimento cerebral.
Assim, sabendo que ao jogar com estratégias podemos exercitar essa área e mantê-la por mais tempo ativa e funcional, por que não fazê-lo?

Melhorar a memória e a atenção

A memória e a atenção são aliadas quando falamos em funções cerebrais. Quando uma está falhando, a outra certamente irá apresentar sintomas não muito bons também. Portanto, se o objetivo é melhorar a memória, um jogo em que você deve sustentar sua atenção vai trabalhar indiretamente com a sua memória e vice-e-versa.
Qualquer jogo que estimule essas funções, possibilita que o cérebro esteja constantemente ativo e, a longo prazo, impede que o mesmo não “enferruje”.

Resgatar o afeto e o vínculo

Um dos maiores ingredientes da saúde mental e emocional dos seres humanos chama-se afeto. Somos movidos por tudo aquilo que nos causa um impacto afetivo, que nos afeta verdadeiramente. Quando nos afetamos com determinada situação ou pessoa, abrimos um elo de vinculação.
Nosso cérebro, nosso corpo, nossas emoções necessitam de afeto e os jogos podem ser um incrível instrumento para distribuirmos esse ingrediente para os idosos. Quando conseguimos, através de um jogo, permitir que esses idosos sorriam, brinquem, comemorem, interajam, estamos dando a eles a possibilidade de se vincularem e resgatarem a energia vital que existe dentro de cada um.
Os jogos podem ser criados e planejados de acordo com o perfil de cada grupo de idosos. O importante é que seja lúdico, agradável e desafiador, pensando nessa população específica como mais uma etapa de vida e não simplesmente como o fim.

 

Juliana Ohy

  • Psicóloga e Arteterapeuta – CRP:05/36556
  • Sócia-diretora do Instituto da Mente em Niterói (RJ)
  • Psicóloga Clínica atuante há 10 anos na área de Gerontologia
  • Especializações: Arteterapeuta, Psicopedagoga e Psicogeriatra
  • Membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG)
  • Membro da Associação de Arteterapia do Rio de Janeiro (AARJ)
  • Pesquisadora do núcleo de Depressão em idosos da UFRJ – Mestrado
  • Professora e idealizadora do curso: Arte e Cognição – Estimulando o cérebro através da arte
  • Coordenadora de grupos de estimulação e reabilitação cognitiva para idosos saudáveis e com demência no Rio de Janeiro e em Niterói
  • Membro da equipe e professora do curso Neurociências da Educação do CBI of Miami
  • Palestrante na área de Neurociências, Gerontologia e Arteterapia

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